quarta-feira, 17 de maio de 2017

A crônica do dia: "Uma tarde num barber shop"

Aconteceu que ontem fui fazer a barba num desses salões moderninhos. Primeiro o cara me ofereceu um chope. Disse que estava incluído. Depois me mandou encostar numa almofada colorida e passou uma essência de baunilha no meu rosto enquanto preparava tesoura e navalha. Botou um pano preto quente no meu rosto com cheiro de morango, cereja, framboesa, sei lá que porra era aquela, tirou e começou a me acariciar com umas mãos leves sem um calo na palma. Fiquei arrepiado, claro. Ao dar meia dúzia de tesouradas na barba tentou encostar o que me pareceu um drops dulcora no meu cotovelo. Fiquei encolhido que nem passageiro de classe turística em avião.
Quando pegou a navalha depois de passar uma essência de cravo (aquele bagulho pretinho que as avós botavam no doce de abóbora com coco) eu disse CHEGA. Saí todo ensaboado do salão e fui fazer a barba com o seu José da barbearia ao lado que cobra 20 pratas e é do tempo em que dondom jogava no Andaraí. Pegou a velha toalha encardida do tempo da inauguração da barbearia, esfregou a navalha naquele treco que não sei o nome, a tesoura enferrujada e mandou a célebre frase "e aí, freguês, vai querer como?".

Nenhum comentário:

Postar um comentário